quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ame!

Catorze ou Quatorze? É, realmente eu não tinha nada pra fazer ao ficar pensando nisso. Estou ficando velho, pensei.
Subitamente, eu abri a janela do meu quarto e vi que a lua, neste dia, estava meio sem graça. Até parece, que o Sol, parou de olhá-la. Sim, porque, infelizmente, era apenas isso que ele podia fazer. Esta situação, me lembrava a semelhança de minha situação. Assim, eu comecei a pensar se ela também deixaria de brilhar, se eu parasse de admirá-la.
Admiração. Parece algo distorcido, e neste devaneio, eu sabia que algo tinha que ser mudado. O fato de admirá-la, não me dava o direito de querer o mesmo. Pois, vejam só: apesar do Sol ser tão grande e brilhante, não é a Lua que o admira, pois ela recebe sua luz e não o contrário. E ele, humilde e simpático que é, mantém seu manto sobre ela, ao invés de adorar uma outra estrela em uma galáxia qualquer.
Ou, talvez ele realmente adore alguma estrela e só esteja tirando o atraso de milhões e milhões de anos afastado de sua amada, com a coitada da Luazinha.
Por sua vez, a Lua, mesmo sendo amada por tão grande ser que é o Sol, prefere refletir a luz que ele, humildemente, lhe dirige, à Terra. Terra, que já recebe a luz do Sol e, mesmo assim, aceita a luz da Lua, que vem do Sol também.
Desta forma, fica a questão: a Terra é odiosa, aponto de receber "amor" da Lua e do Sol, sem ao menos devolvê-la, ou é tão amorosa a ponto de não poder negar este amor? Por outro lado, me veio agora, a Terra reflete a luz que lhe é dada, contudo com o efeito estufa, esta luz tem ficado aqui dentro ocasionando tanto tragédia e calor.
Nesta confusão toda, eu penso o seguinte: a luz é boa, mas seu excesso está matando a Terra. Isto é, ela é realmente boa?
Espere eu não pirei. Quando gostamos de alguma coisa é boa, nós queremos sempre mais. Contudo, e quando este querer mais pode nos matar, o que fazemos?
Luz de todos aos lados, amor de todos os lados, é Lua é Sol é o fim do caminho.
Não posso esquecer do efeito estufa. Se ele tem segurado a luz aqui dentro e está matando a Terra, então não é excesso de luz o problema, mas sim sua retensão (é assim que se escreve?).
Mutatis mutandis, o problema não é o excesso de amor que pode nos matar, mas sim nossa incapacidade de distribuí-lo, pensando assim, podemos chegar ao racícionio de que, quanto mais distribuirmos amor, mais teremos. Loucura, não? Pense.


Ame, corra, implore, grite, sorria, caia, bata, surte, desabafe, cante, dance, jogue, nade, lute, sinta, viva!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Tecnologia Infantil

Essas horas, eu começo a me sentir velho:

Lá do nãosalvo.com :

"Como era de se esperar, a clássica desculpa de “o cachorro comeu meu dever de casa” foi modernizada pelas novas gerações. Uma pesquisa inglesa apontou que hoje os professores estão sujeitos a histórias que envolvem computadores e hackers.


O site The Register afirma que, de acordo com a pesquisa, os estudantes estão usando como desculpa equipamentos modernos que as gerações mais antigas, ou seja, a dos professores, não conseguiram dominar. Em grande parte dos casos, a desculpa “cola”. A Pixmania entrevistou 1.000 professores britânicos e descobriu que em média 6,5 milhões de desculpas para não fazer o dever são dadas por semana, sendo destas 1,3 milhão estão relacionadas à tecnologia.

Cerca de 70% dos professores afirmou ter ouvido alunos culparem tecnologia, dos simples “o computador quebrou”, “a internet estava fora” e “a impressora não funcionou”, até outras muito criativas como “hackers russos destruíram minha lição”.

O cachorro, grande vilão das desculpas agora antiquadas, continua aparecendo na era moderna. Agora, em vez de comer o dever, ele “urina no computador”, que pára de funcionar, ou então “mastiga o mouse”.

Entre as respostas mais tradicionais ligadas à tecnologia estão “meu computador travou e eu perdi a lição”, “eu fiz a lição, mas deletei sem querer”, “não consegui imprimir”, “minha internet estava fora do ar e eu não pude pesquisar” e “eu perdi meu laptop”.

Fiz uma lista de desculpas para usar para professores, nenhuma vai ser melhor do que “hackers russos destruíram minha lição”. será que colariam?

- Tive outras prioridade como arrumar a roupa do meu buddy poke;

- Tive alucinações, um clipes falou comigo pelo Word;

- Minha impressora esta possuída;

- Só tinha tinta rosa, preferi não imprimir;

- Toda vez que eu entro em um site mulheres peladas ficam pulando na tela;

- As fotos da festa não ficaram ótimas;

- Meu Ctrl não está funcionando, como iria copiar as coisas?

Qual desculpa você ja usou ou gostaria de usar?"

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Imagem do Dia:

http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/charges/?ch=Los+3+Inimigos

Editorial

Caro Rodrigo,


Primeiramente, agradeço seu comentário.
De início, explico que, realmente, meus posts foram marcados por sensacionalismo.
Mas, antes de mais nada, queria dizer que o fiz com consciência, visando apenas devolver na mesma moeda o sensacionalismo jornalistico brasileiro.
O que eu queria deixar claro com os meus posts é que o que aconteceu no Couto Pereira, dia 06.12.2009, já aconteceu em vários lugares e continuará acontecendo.
Não estou justificando a atitude dos vândalos que invadiram o campo. Só tento acabar com este linchamento público e execução sumária que vêm fazendo contra Coritiba e toda sua torcida.
Se os vídeos que postei estivessem em um processo, eles serviriam como precedentes, de julgamentos que não serviram como exemplo para o Brasil.
Aliás, apenas agora, depois de situações como a que ocorreu no jogo entre Palmeiras x São Paulo, na Copa de Juniores em 1995, resolveram dar exemplo, punindo severamente o Coritiba.
Como eu já vi escrito por alguns lugares, estão tratando o Couto Pereira e seus torcedores (verdadeiros) como algo repudiante, sendo que situações como esta já são contumaz em espetáculo que somem emoções e aglomerações.
Eu mesmo, dia desses, fui xingado, enquanto caminhava pela rua com a camisa do Coritiba, por uma pessoa que acreditava estar em superioridade. Digo que jamais me envolvi em confusões. Agora, mereço ser punido também?
Pois é isso que a mídia está fazendo. Ao generalizar e sensacionalizar, acaba tornando todo e qualquer torcedor coxa-branca em bandido.
Se este racícionio fosse o correto, então deveriam dizer que todo torcedor de futebol é bandido, o que, sabemos, não seria correto.
Por fim, o que quero deixar bem claro, não estou defendendo os idiotas que depredaram o patrimônio coxa-branca e feriram tantas pessoas de bem, mas estou defendendo uma punição branda àqueles dos quais a única culpa foi de amarem o Coritiba Foot Ball Club.

Saudações Alviverdes.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Joio e Trigo

Poucos são os jornalistas imparciais, e raros são os que não são sensacionalistas, faço minhas, as palavras de um grande comentarista, carioca diga-se de passagem, Lédio Carmona:

"Gostaria de voltar ao tema da punição ao Coritiba. Rápido, para não aborrecê-los. Apenas gostaria de fazer justiça com uma instituição centenária. Acho mesmo que o Coritiba deveria receber alguma pena (isso é lógico). A dúvida é sobre o tamanho do castigo. E, de novo, acredito que o Brasil tem a chance agora de imitar a revolução social no futebol inglês, enquadrar os bandidos e dar uma resposta à sociedade. Isso sim deveria ser a prioridade de todos nós (população, autoridades, imprensa). Ponto.

Agora, o que gostaria mesmo de dizer… Esse ano estive duas vezes no Couto Pereira. Num dos jogos, o Coritiba venceu o Grêmio por 2 a 1. No outro, empatou em 2 a 2 com o Botafogo. Para quem não sabe, as cabines do estádio ficam no meio das sociais. Transmitimos as partidas com os torcedores ao nosso lado, alguns conversando, perguntando se houve falta, pênalti, etc e tal. Gente simpática, educada, amiga. Conversei com vários. Fui muito bem tratado. Ninguém me agrediu, xingou, passou do ponto. Paz absoluta.
Esse parágrafo acima só corrobora com a minha tese de que o Coritiba e seus verdadeiros torcedores estão muito acima, são muito superiores à laia que tentou manchar o nome do clube. Poucas vezes frequentei um clube tão fidalgo e organizado. E o Jogo Aberto, dentro de sua neutralidade, abre espaço para apoiar a campanha “Por que eu amo ser Coritiba”. lançada pelo clube para resgatar sua imagem.
Jamais podemos esquecer isso. Quem gosta de futebol e da história dele, sabe o peso, o carima, a tradição e a fidalguia do Coxa (e estendo isso à maioria dos clubes, inclusive do rival do Coritiba, o Atlético-PR). Não podemos confundir instituição com baderneiros.
E, vou mais além, mesmo com os acontecimentos daquele domingo maldito, eu, como jornalista, vou sentir saudade do Couto Pereira nesse período. Não confundam isso com clubismo. Eu não torço pelo Coritiba. Sou carioca (Niterói). Apenas sei separar o joio do trigo."

Quem mais saberá separar o joio do trigo?

Querem dar exemplo?

STJD, se queriam dar exemplo, porque não deram exemplo aqui:




Existe algum motivo escuso?

Otacílio Araújo: Você estava no jogo?

Vou continuar com meu sensacionalismo, como dizem por aí:

Edição online do jornal Tribuna do Paraná:
http://www.parana-online.com.br/editoria/esportes/news/416420/?noticia=SELVAGERIA+CUSTA+30+MANDOS+DE+JOGOS+AO+COXA

"Entre as testemunhas, o diretor de vistorias da Federação Paranaense de Futebol, Reginaldo Cordeiro. Seu depoimento não foi levado a sério. Viu sua argumentação desabar quando disse um "não" ao ser abordado pelo auditor Otacílio Araújo: "Você estava no jogo?", foi a questão."

Tendo isto em vista, eu pergunto ao Sr. Otacílio Araújo: Você estava no jogo?

Se a resposta for negativa e eu acredito que seja, eu lhe pergunto novamente: Você acredita que está em condições de julgar?

Pimenta? Nos olhos dos outros é refresco.

Pra não me chamarem de sensacionalista, segue as palavras do jornal O Globo, em edição online datado em 15.12.2009:

"Coritiba é punido pelo STJD com a perda de 30 mandos de campo e multa de R$ 610 mil



Plantão
Publicada em 15/12/2009 às 22h13m


O Globo


RIO - O Coritiba foi condenado nesta terça-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com a pena máxima ao perder 30 mandos de campo e multa de R$ 610 mil pela confusão ocorrida na última rodada do Campeonato Brasileiro, em jogo no último dia 6 contra o Fluminense que marcou o rebaixamento do clube paranaense para a Série B. Na ocasião, torcedores invadiram o gramado do estádio Couto Pereira após a partida e agrediram árbitros, jogadores e, principalmente, policiais militares. O balanço final contabilizou 24 feridos e 17 presos.
Com o resultado, o clube está impedido de jogar em seu estádio durante a Série B de 2010 e a punição ainda renderá para 2011, uma vez que o número máximo de jogos que pode fazer em casa, na próxima temporada, é 19. O Coritiba vai recorrer da decisão, mas o novo julgamento acontecerá somente no próximo ano, quando o tribunal retornar do recesso de final de ano.
Na sessão, o advogado que fez a defesa do Coritiba, José Mauro Couto Filho, alegou que o clube foi vítima e que, quando parte da arquibancada da Fonte Nova desabou matando sete pessoas, o Bahia correu o risco de perder até dez mandos de campo, um número bem abaixo da denúncia feita ao clube paranaense.
A favor do clube, depuseram Reginaldo Castro, responsável pela inspeção nos estádios do Paraná, e o Coronel Costa, chefe do policiamento estadual. Ambos atestaram a legalidade do estádio Couto Pereira e disseram que o que aconteceu foi uma ação premeditada de vândalos, não de torcedores comuns. O coronel ainda ressaltou que vários envolvidos já estão com a prisão preventiva decretada e que a polícia segue efetuando prisões.
Mas o STJD quis mesmo transformar a punição ao Coritiba em exemplo para que não ocorram mais cenas como as vistas no último dia 6 no futebol brasileiro."

Isto é, a despeito das provas dos responsáveis pela autorização da praça de desportos, preferiu-se valer das "provas" televisivas.
Bem como, preterindo à justiça, votou-se pelo exemplo.

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Vou menos educado agora: Eu sei que pimenta nos olhos dos outros não arde, mas cá entre nós ô corja do STJD, a pimenta está ardendo em meus olhos e eu vou gritar, ah se vou. E vocês vão ter que me ouvir.

Justiça? Leva na desportiva.

Faço, das palavras do honorável coxa-branca Percy Goralewski, as minhas:

"Já que o circo da 'justiça' desportiva está armado, desde já também me sinto no direito de 'fazer o meu show': declaro, desde já, o maior hipócrita das terras paranaenses, o 'procurador-geral' do stjd (em minúsculo mesmo), paulo schmitt (também em minúsculo), como 'Persona Non Grata' em nosso Estado, especialmente em nossa cidade.

Se houvesse um mínimo de moralidade e respeito às regras constitucionais vigentes neste país, o torcedor rubro-negro assumido, paulo schmitt (em minúsculo - sempre), que não passa de um projeto de acusador frustrado (pois não deve ter tido competência para ser aprovado num concurso para integrar o quadro de promotores de justiça deste país - talvez decorra daí todo o seu recalque), deveria se considerar 'suspeito' para formular uma denúncia contra o seu time rival.
Saiba, paulo, que você não conseguirá acabar com o clube que sempre o fez chorar nas arquibancadas. Não adianta querer pesar a caneta contra o clube que sempre o fez ver o quanto você é perdedor.
Tenha uma convicção: se esta esdrúxula pena aplicada ao Coritiba não for conduzida a níveis aceitáveis, ações contra a corja instalada na CBF e no antro chamado stjd serão propostas em profusão na justiça comum, pois não vamos 'engolir com farinha' essa arbitrariedade e inquisição ao qual o clube paranaense foi submetido - um verdadeiro jogo de cartas marcadas.
Motivo é o que não falta: neste campeonato brasileiro, por exemplo, a perda de mando contra o Santos e posterior absolvição já conferem motivo suficiente para ingressar contra essa palhaçada que se chama stjd.
Aliás, dos trinta mando aplicados como pena ao Coritiba - devemos somente 29, porquanto cumprimos um que não precisaríamos cumprir - graças à safadeza generalizada que permeia o futebol brasileiro, especialmente os hipócritas que compõem o órgão mais nojento deste país, chamado stjd.
E antes que eu me esqueça: em breve, em alguma oportunidade que o encontrar pessoalmente em qualquer simpósio de 'direito desportivo' - área em que você se acha o máximo, falarei na sua cara o que penso a seu respeito.
Você envergonha o Estado do Paraná. Não queremos nenhuma benesse sua, mas não aceitaremos calados a utilização da sua posição como 'procurador-geral' dessa farsa chamada stjd para destilar o seu recalque e as suas frustrações contidas contra o Coritiba Foot Ball Club.
Você deveria ter vergonha de se olhar no espelho e ver essa figura hipócrita e arrogante refletida. Você foi longe demais em seus devaneios de acusador.
Saiba que o mal que causou ao povo paranaense não será esquecido. Sugiro, inclusive, que fique por aí, no Rio de Janeiro - local onde seres da sua laia encontram o meio adequado para sobreviver."

Espere eixo rio-são paulo, cbf lixo, stjd lixo, procuradoria (?) do stjd lixo, pra verem o que está por vir, eu não invadi, e jamais invadiria um estádio de futebol, mas sou muito mais perigoso com a minha caneta do que vocês com as suas.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vergonha Alheia ou Piada Pronta?

Depois, nós que somos maldosos:




Mãe - "A gente tem que dar força, né..."

Bom dia.

Catequisando a morte,
perto do abismo eu grito.
_ Ninguém vai me socorrer?

Percebo que o tempo para,
e corro mesmo que não veja.
_ E você, como vai viver?

Distraindo um corrimão,
sequestrado pede que o tire dali.
_ Mas, não seria um cárcere privado?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Barbárie X Rixa - Não ao Juízo de Exceção - Inconstitucionalidade da Canetada!

Prezados,

já tinha em mente continuar comentando a mídia nacional e o trabalho que ela tem feito na campanha "Acaba Coritiba".
Os comentários sobre o post "Violência Sensacionalizada!" apenas motivaram meu texto.
De ínicio, quero deixar claro que apesar de coxa-branca, não participei da briga, estive no jogo, e não apoio e acredito que o Coritiba deve ser punido, em razão dos desequilibrados em campo. Entretanto, o que escrevi ontem, foi um texto demonstrando a incoerência da mídia sensacionalista que tanto impera em nosso país, principalmente no futebol. (Interesses ocultos e explicítos, não somos crianças para acreditar em papai-noel, muito menos para acreditar que não existe uma verdadeira guerra nos bastidores.)
Confirmo que houve pancadaria como todos viram e verão por diversas e diversas vezes na televisão, internet e rádio, mas quero que lembrem que o estádio tinha mais 32.000 torcedores e que menos de 1% desse total invadiu o campo.
Confesso que meu sentimento ao fim do jogo foi de raiva e tristeza, mas como a enorme maioria me dirigi à saída e fui em paz para minha casa.

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Quanto aos comentários ao post anterior, explico mais uma vez que não estou apoiando a briga que teve ínicio ao fim do jogo.
Bem como, não disse que o Clube de Regatas Flamengo deva ser punido pela briga de seus torcedores. Apenas fiz uma comparação com as duas torcidas, uma vez que houve briga nos dois lugares, mas enquanto uma comemorava um campeonato, a outra sofria o descenso. Desta forma, uma teria um motivo que explicasse (nunca justificando) a pancadaria.

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Devo deixar meu comentário também, afinal nunca esperei que algo acontecesse naquele sentido. Tanto é que um amigo meu (torcedor do fluminense), estava comigo no jogo e comentou pouco antes de acabar o jogo:
- Vamos subindo pra saída, porque se o jogo acabar assim...
Ao que eu respondi pra ele:
- Que isso, não vai ter nada.
Com essa resposta, eu lembrava de 2005 quando o Coxa caía para a Segunda Divisão.
Ao apito entretanto, quando vi aqueles idiotas entrando em campo e batendo em jogadores e seguranças do fluminense eu realmente me envergonhei e muito.
Portanto, não estou aqui defendendo a atitude dos vândalos travestidos de torcedores que protagonizaram as cenas lamentáveis que ora giram o mundo.
Mas, tentando evitar que um juízo de exceção, condene sumariamente o Coritiba e seus verdadeiros torcedores, injustamente.

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Continuando, como o Thiago Amaral comentou que houve uma barbárie, fiquei pensativo de onde ele tinha tirado este conceito.
Não demorei muito a ver as notícias emanadas principalmente pelo site da Rede Globo.
Desta forma, contra a mídia sensacionalista, apresento o que realmente aconteceu:

Barbárie, como explica o dicionário Houaiss, significa:

1. Qualidade, condição ou estado de bárbaro, barbarismo, selvageria.

Concepção adotado pela Rede Globo, como exemplo:

http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Coritiba/0,,MUL1408058-15014,00-POLICIA+CONFIRMA+SEGUNDA+PRISAO+DE+SUSPEITO+DE+ENVOLVIMENTO+EM+BARBARIE.html

Por outro lado, de acordo com o próprio Houaiss o que realmente se viu foi:

Rixa:

1 estado de hostilidade entre pessoas, grupos etc. em desacordo; querela, disputa, briga, discórdia

1.1 Rubrica: termo jurídico.

disputa, contenda, discórdia entre mais de duas pessoas, seguida de contravenção penal

2 grande tumulto e perturbação da ordem; revolta, motim

Termo usada pelo site oficial da Rede Record:
 
http://esportes.r7.com/futebol/times/coritiba/area-publica/noticias/torcida-do-coxa-causa-confusao-generalizada-apos-queda-20091206.html
 
Portanto, resta com uma clareza solar os artíficios usados por alguns meios para a campanha mencionada no ínicio do post.
 
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Ademais, existem alguns ignorantes (não achei termo melhor) que apoiam a "brilhante" idéia de rebaixar o Coritiba para a série C.
Ocorre que está norma não existe em nenhum ordenamento esportivo, razão pela qual não pode a CBF, administrativamente punir o Coritiba com medida semelhante, sob pena de atingir o constitucionalmente garantido princípio da legalidade. Qual seja:
 
“Nullum crimen, nulla poena sine lege”, ou seja, princípio de que não há crime nem pena sem lei.
 
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Resumindo, não apóio e recrimino a prática de rixa, como a que aconteceu no Couto Pereira, no fatídico dia 06.12.2009, e estou usando os meios que posso para evitar que haja qualquer injustiça no julgamento do Coritiba Foot Ball Club, clube para o qual eu torço e sempre torcerei independente da situação. Apoio a punição do clube pelo erro na segurança. Mas, quero que não criem um juízo de exceção e o condene sumariamente como a mídia brasileira insiste em querer fazer.
 
A imprensa é livre. Mas esta liberdade acaba quanto atinge o direito de outrem.
Chega de sensacionalismo barato, nos basta a informação.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Violência Sensacionalizada!

Garanto que muitos acompanharam por televisão, rádio, internet, jornal, notícias sobre a violência proporcionada por uma execrável minoria de vândalos travestidos de torcedores do Coritiba, na fatídica data de 06.12.2009, na partida entre Coritiba e Fluminense, que culminou com o Rebaixamento do Coritiba Foot Ball Club para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Ocorre, que as notícias sobre a confusão no Estádio Couto Pereira, foram marcadas pelo sensacionalismo barato vendido pelos meios de comunicação hoje existentes. A Poderosa Rede Globo de Televisão, por exemplo, tem usado qualquer notícia relacionada a futebol para imprimir sua opinião sobre o fato. Tal cúmulo restou representado em uma "notícia" que li hoje sobre o técnico Carlos Alberto Parreira, da Seleção Sulafricana de Futebol, terminava fazendo referência a "imensa confusão proporcionada pelos torcedores do Coritiba, na partida contra o Fluminense."
Ora, hoje é quarta-feira e ainda se fala sobre o tumulto que provocou ferimentos em algumas pessoas (sendo que uma delas levou um tiro fora do estádio e corre risco de morte).
O que explica, mas não justifica, a ação dos vândalos do dia 06.12.2009, está muito bem expressado nas palavras de Luiz Cláudio Massa, em sua coluna do Parana-Online, no dia 08.12.2009 (http://www.parana-online.com.br/colunistas/300/72752/?postagem=GUERRA+ANUNCIADA):

"GUERRA ANUNCIADA
Pegue uma torcida angustiada, com os nervos à flor da pele, devido ao time estar correndo risco de rebaixamento. Some-se ao trauma de uma recente queda à Série B. Acrescente-se uma série de atitudes equivocadas por parte da diretoria que malograram os festejos do centenário. Inclua nesse caldeirão um estádio lotado e a expectativa de uma nação.

Adicione um adversário fazendo uma campanha de recuperação digna dos maiores elogios. Insira chamadas por parte da mesma diretoria e de sites das diversas facções da torcida organizada convocando torcedores para a “guerra”. Introduza duas recentes goleadas sofridas pelo time nas rodadas anteriores.
Faça constar a preocupação de todos com o favorecimento - por parte da arbitragem - aos times cariocas. Misture tudo. É claro que o jogo de domingo no Couto Pereira era um jogo do mais alto risco. Qualquer um saberia disso. Menos a diretoria coxa-branca e o policiamento da capital.
Dos coxas esperava-se a contratação de um maior número de seguranças, garantido o bom andamento do espetáculo. Das autoridades policiais, a designação do maior contingente já visto, a fim de garantir a integridade das pessoas e a prevenção de ataques aos bens públicos e particulares.
Até mesmo, dirigentes do Fluminense precisam ter suas culpas apontadas. A demora em entrar em campo, retardando o início do jogo de forma abusiva. Para completar desrespeitaram solenemente a execução do Hino Nacional, causando ainda mais revolta na torcida coritibana.
Um percentual - mesmo que pequeno - deve ser imputado ao árbitro Leandro Vuaden, que não coibiu o anti-jogo praticado por Fred e cia. Ao agir assim, descaradamente, ajudou a acender o verdadeiro barril de pólvora que se armava. A guerra anunciada.
Nada serve de desculpa para atenuar a ação dos bandidos travestidos de torcedores que mancharam o nome e a tradição de um clube centenário. Como são bandidos, devem ser enquadrados como tal. Mesmo que a legislação não lhes puna da forma como deveriam. Chega deles!
A interdição do estádio é uma punição justíssima e necessária. A queda para a 2.ª Divisão também é legítima. E, assim, a instituição é penalizada por diferentes atores: uma parte execrável da torcida, que invade e quebra tudo e por uma diretoria fraca, que não soube preservar as tradições alviverdes. Eles se merecem."

Isto é, apesar de não ser uma justificativa para os eventos proporcionados pelos desequilibrados que invadiram o campo, os ingredientes colocados no caldeirão alviverde durante todo ano, deviam ter sido apreciados com maior relevância pela Policía e pela Diretoria do Coritiba.
Por sua vez, um fato não tão noticiado (pois aconteceu em um lugar em que todos são felizes e aqueles que transmitem a informação moram) foi a violência proporcionada por torcedores do Flamengo na "comemoração" (?) do título do campeonato brasileiro.
Não querendo dizer que alguém está certo ou menos errado, mas pense, o que é mais lógico: uma torcida que proporciona violência por perder um campeonato e ser rebaixado ou uma torcida que proporciona violência por ter sido campeã?
Tendo isto, também questiono, já que a medida correta é interditar o estádio de uma torcida que invadiu o gramado porque o time caiu para a segunda divisão, qual é a medida correta para uma torcida que mata seus próprios integrantes em uma comemoração? Que crime merece atenuantes: o motivado por relevante valor moral ou cometido por motivo torpe?
Qual é a lógica desta justiça desportiva? Qual é a lógica do jornalismo brasileiro?
É essa imagem que desejam passar do Brasil? Situações como a que ocorreu em Curitiba, no dia 06.12.2009 nunca ocorreram em estádios brasileiros?
Para tanto, junto aqui algumas demonstrações de inteligência pelo Brasil a fora:








quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Deixa

E eu te pergunto e daí? Sai correndo assim do nada e nem me pergunta.
Bom dia pra você também, não é de nada esperar ao menos. Estou correndo e você me vem com essa? Que legal, eu que digo. Você estava não bonita ontem, sei lá. O Coronel que falou, pediu que lhe escrevesse uma carta e depois mandasse com seu nome. A princípio não entendi, parecia estranho tendo em vista que era. Mas ele não passava fax e eu pensei: manda por correio.
Não sei que horas eram, cinco, cinco e pouco, e a gostosona que era nova? Poxa, tava massa. Também tinha a outra que tava usando um fio dental minusculo.
Tá crescendo os peito da outra, grande pacaraí.
E daí o idiota pergunta. Saí daqui que eu não quero conversa. Estou meditando no meu dia-a-dia e não quero que atrapalhe. Mas e depois do almoço? Vai ter sobremesa? Se tiver eu quero pudim de leite. Credo comer brownie com sorvete. Deve ser bom, mas deve dar uma caganera.
Mas, tendo em vista que ela está ligando há horas e ninguém atende, deixei por isso mesmo.
Tem uma ameaça de bomba no prédio do fórum de floripa.
Deixa eu ir agora resolver esta birosca.

Princípio

Catástase...
Nossa que disciplina ornogâmica.
Simples suavização da moderna teoria.

Idiosincrasia...
Saboreio de golisomas carpagianas.
Dutilo quatias valem?

Sazom...
Quase um pano de chão, ou amor.
Ou tudo junto e misturado, fazendo bem pra vida.

Quermesse...
Corre, corre, corre que vai chover.
Sobre o pau e desce a lenha, que docinho!

Caráter...
Bom diourno, mi señor.
Ai tá escrito errado, mó desculpa aí cumpadi,,,

Salvação...
Argh, ah, oh, iaa, help...
Splash.

Goma de mascar...
Credo que nojo, não engole...
É repetida, merda.

A Próxima vítima!

To pensando, ontem morreu o Lombardi. Hoje, a Leila Lopes.
E amanhã?

Sugestões:

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Coritiba x Fluminense - Domingo - 06.12.2009 - 17:00 horas

Lá no alto de tantas glórias



Brilhou, Brilhou um novo sol


Clareando com seus raios verde e branco


Encantando o país do futebol


Palco de artistas, jogadores, de um passado sem igual


Da arte dos teus grandes valores


O seu nome pelo mundo vai brilhar


Coritiba, Coritiba campeão do Paraná


Tua camisa alviverde


Com orgulho para sempre hei de amar


Jogando pelos campos brasileiros


Despertando na torcida emoção


Coritiba Campeão do Povo


Alegria do meu coração


Coxa, Coxa, é garra, é força, é tradição


Coxa, Coxa, explode o coração

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domingo, 29 de novembro de 2009

Meus cinco.

Hoje, vou começar a conceituar as pessoas que eu conheço. Logicamente, não irei colocar seus nomes ou coisa parecida. Apenas darei meu ponto de vista sobre cada um.
Não sei até quando vou fazer isso, mas aí não interessa porque o blog é meu mesmo...

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A primeira pessoa tem uma voz muito, muito, doce.
Eu sempre tento ter controle em minhas emoções, mas esta pessoa consegue irritar de tal forma meu ego que chega a ser engraçado. Eu dificilmente fico constrangido. Isso costuma acontecer quando ela está por perto.
Tem um corpo adorável, assim como seu sorriso. Gosto de seus olhos e dos seus cabelos.
Ficou muito claro que é uma mulher.
Mesmo assim, as vezes, é apenas uma menininha.
Entretanto, só aumenta seu poder de atração.
É incrível o que pode falar sem mover os lábios (ou eu acho que significa alguma coisa).
Não sei dizer se ela é inteligente. Mas, entende o que eu digo.
Também, tem um humor incrível.
Resumindo, ela é irritantemente adorável.

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É um cara gente boa até o último, agradável ateé não poder mais.
Irresponsável, mesmo tendo ciência disso. Mesmo assim, não o vejo deixar de cumprir suas obrigações.
Costuma ser daqueles em que a bomba costuma explodir em suas mãos, ainda assim, não se deixa abalar.
Mantém, a qualquer custo, sua inabalável calma.
É capaz de levantar às quatro da manhã pra te ajudar, mas incapaz de estar pronto no horário em que combinou de sair.
Ou seja, é meu brow.

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Acabei de conhecer.
Apaixonante e apaixonada. Uma beleza diferente. Fora de padrão.
Simpática e intrigante. Madura e engraçada.
Imprevisível.
Isto é, instigante.

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O cara pode ser seu melhor amigo e o pior em momentos simultâneos.
A capacidade incrivel de te erguer e derrubar num buraco são suas marcas.
Te ajuda o máximo, mas pode fechar a mão quando mais precisa.
Extremamente afável e insuportavel ao mesmo tempo.
Mesmo assim, todos o adoram.
Taá dito.

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Se considera um deus grego e tenta fazer com que todos acreditem.
Como a maioria das pessoas aqui mencionadas, tem personalidades diversas e simultâneas.
Acho que ele tem uma raiva imensa do ego.
Mas, tudo bem nínguem pode ser tão bom quanto eu.
E é meu brother oras.

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Bem, queridos, não ficou bem uma conceituação, mas não importa. Eu estava afim de escrever mesmo.
Essas cinco, são as pessoas que tem feito mais parte da minha vida ultimamente, e as que mais prezo.

É isso.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Pequeno Manual de Civilidade

Pequeno manual da civilidade
As pequenas vantagens de virtudes grandemente subestimadas,
analisadas por quem entende tudo do assunto, desde sempre


Juliana Linhares




NÃO LIBERTE O MONSTRO QUE EXISTE EM VOCÊ
A vida em estado natural: "Solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta"


Engana-se quem pensa que civilidade é uma matéria relacionada a senhores pomposos e mesas cobertas de talheres esquisitos. Mas é verdade que o tema foi tratado por cavalheiros com quilometragem de pelo menos alguns séculos. Tudo o que disseram, porém, sobre a necessidade de convenções sociais para promover a boa convivência e administrar conflitos permanece de urgente contemporaneidade. Quando Schopenhauer, o gigante da filosofia alemã do século XIX, dizia que as pessoas deveriam seguir o comportamento do porco-espinho - se fica muito perto de seus pares, morre espetado; se fica muito longe, morre de frio -, não estava pensando no uso do telefone celular em público, mas bem que poderia. Thomas Hobbes, um dos gênios do pensamento político produzidos pela Inglaterra, constatou no século XVII que em estado natural, sem as construções sociais, "a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta". Em outras palavras, um congestionamento em São Paulo em dia de chuva. Por isso, emergem leis necessárias, entre as quais que "os homens cumpram os pactos que celebrarem" (e não parem em fila dupla, por exemplo) e "não declarem ódio ou desprezo pelo outro por atos, palavras, atitude ou gesto" (e não façam perfis falsos na internet). Especialistas em ética, comportamento e controle dos monstros interiores fazem análises e sugestões nesse pequeno manual das virtudes da civilidade. Todo mundo pode aprender - e até lucrar com elas. "O stress é causado em grande parte por relacionamentos humanos mal resolvidos. Se melhorarmos a capacidade de nos relacionar, teremos menos brigas, menos stress e, consequentemente, menos processos e pessoas doentes", diz o italiano Piero Massimo Forni. Professor da Universidade Johns Hopkins e um dos maiores especialistas mundiais no estudo da civilidade, ele até calculou o custo da falta dela nos Estados Unidos: 30 bilhões de dólares por ano. Já pensaram se ele conhecesse o Congresso brasileiro?






1. Questão de honra


Houve um tempo em que tudo girava em torno dela: ter honra era ser um legítimo membro da tribo; não ter, preferível morrer. O conceito de honra, na sua interpretação mais tradicional, nasceu na Grécia antiga, foi remodelado em Roma e reemergiu na Idade Média. "Na época feudal, a honra era uma qualidade atribuída aos nobres, essencialmente guerreiros, cuja função social era proteger o rei, as crianças e as mulheres", diz Roberto Romano, professor de ética e filosofia da Unicamp. Hoje, a HONRADEZ pode ser mais relacionada à fidelidade aos próprios princípios ou ao próprio eu. Ou, no popular, ter vergonha na cara. É por isso que o tribunal da própria consciência continua a pesar mesmo quando se alega que "todo mundo faz", a começar dos "caras lá de cima", então "que mal tem" em levar a avozinha para passar na frente na fila de comprar ingresso, desrespeitar a precedência na hora de pegar uma vaga no estacionamento do shopping ou deixar uma toalha guardando lugar o dia inteirinho na espreguiçadeira da piscina disputada? O mal, evidentemente, está em desprezar a própria dignidade.


O fato


Nelson Almeida/AFP




É difícil imaginar exemplo mais completo de desonra que o do piloto NELSON PIQUET JÚNIOR. Ameaçado de demissão da escuderia Renault, ele confessou bem a posteriori ter concordado em fraudar o Grande Prêmio de Fórmula 1 de Singapura no ano passado. A certa altura da corrida, para facilitar a situação de seu companheiro de equipe, Fernando Alonso, Nelsinho recebeu a ordem de bater seu carro contra um muro. Obedeceu. Os privilégios de nascimento - bonito, rico, sobrenome famoso - agravam o tamanho da indignidade cometida contra si mesmo e do mau exemplo dado à sociedade.


A análise


"Ser honrado, hoje em dia, significa ser portador de exemplaridade para uma comunidade. E, para ser exemplo, o sujeito precisa ser probo em todos os aspectos da vida dele. Não basta, por exemplo, ser só bom médico ou bom piloto. É preciso ser bom pai, bom marido, um sujeito respeitoso e incorruptível", diz o cientista político Bolívar Lamounier.






2. Os intransigíveis


O conceito de INTEGRIDADE tem raízes na Grécia antiga, onde o sujeito íntegro era chamado aplos, uma peça só - projetando com esse nome a imagem de inteireza, de alguém que não tem duas palavras, duas lealdades. "Não é íntegro aquele que transige em valores inegáveis de uma sociedade", diz Bolívar Lamounier. Integridade é não abusar do poder, não desmerecer os outros, não tripudiar. E também outras interdições mais prosaicas: não se esgueirar melifluamente na fila de embarque, não "deixar o carro aqui só um minutinho", não dizer que vai atender "só esta chamada" no meio da refeição compartilhada e não começar nenhuma piada dizendo "esta é politicamente incorreta" caso você não trabalhe no Casseta & Planeta.


O fato


Roberto Monaldo/La Presse/Zuma






Ele já deixou a primeira-ministra alemã Angela Merkel esperando enquanto falava ao celular, já passou cantada numa médica entre ruínas de um terremoto e já fez piadinha racista com Barack Obama (é "bonito e bronzeado", disse). Mas será que o primeiro-ministro italiano SILVIO BERLUSCONI também tem o direito de fazer o que quiser quando está na sua casa - como promover orgias e contratar prostitutas?


A análise


"O conceito de integridade não pode ser aplicado a Berlusconi porque ele não tem essa inteireza. Teria de apresentar um comportamento probo, imaculado, uma vez que deve espelhar o que há de melhor na sociedade. Mas o que prevalece nele é outra faceta, a de quem se movimenta com escracho, sem respeitar a liturgia que o poder exige", diz Bolívar Lamounier.






3. Obrigado, por favor


Um dos maiores especialistas do mundo no estudo da civilidade, Piero Massimo Forni acredita que as BOAS MANEIRAS não apenas não são coisa de um passado mítico de galanteria, mas ficaram mais importantes ainda na vida contemporânea. "Até umas três gerações atrás, boa parte da sustentação emocional e material das pessoas vinha dos familiares. Hoje convivemos muito mais com amigos e desconhecidos, e, nesse caso, ser afável é uma vantagem", explica. "A cortesia melhora a autoestima da pessoa a quem ela foi dirigida e, dessa maneira, torna as relações sociais menos tensas", concorda Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política da USP. A regra geral, e não escrita, de decência estabelece que todos devem ser tratados com os requisitos básicos de cortesia - "bom dia", "por favor", "obrigado" e "até logo" -, os quais devem ser redobrados em relação a quem ocupa posições menos destacadas. Ignorar a existência de quem presta serviços como trazer o seu carro ou limpar a sua sala é prova de insensibilidade. Ou boçalidade.


O fato


A atriz MEGAN FOX, 23 anos, é infernalmente bonita - e mal-educada. O pessoal técnico que trabalhou com ela em Transformers deu exemplos: ela chega ao estúdio sem cumprimentar ninguém, reclama de tudo, tem ataques de estrelismo e não dirige a palavra aos que considera hierarquicamente inferiores. Mesmo no caso dos superiores, como o diretor Michael Bay, já disse "É um Hitler" - ofensa hedionda, embora o pessoal ache que ela não sabe exatamente quem foi Hitler.


A análise


"A agressão verbal penetra no fundo da alma de quem é atingido por ela. É tão, mas tão grave que tem até punição prevista em lei. Um dos exercícios que proponho para identificarmos se tal ato é uma incivilidade é ver se é possível todo mundo praticá-lo ao mesmo tempo sem que o mundo vire uma barbárie, com todos matando a todos", diz Roberto Romano.






4. Desafio diário


Na hora da raiva, das bravas, qual é o primeiro xingamento que lhe vem à cabeça? Em geral, nesses momentos o ser humano não é criativo e invoca diferenças de comportamento sexual, de origem familiar ou de grupo étnico. Pois o treinamento da aceitação das diferenças deve começar exatamente por aí. De todas as virtudes do campo da civilidade, a TOLERÂNCIA é a que mais exige autoaprendizagem. Quem acha que nunca, jamais conseguirá cumprimentar um torcedor do time adversário pode começar com coisas mais simples, como não ter espasmos visíveis diante do abuso do gerúndio ou prometer a si mesmo ao sair de casa que pelo menos naquele dia não vai comparar nenhuma mulher à fêmea de uma famosa ave natalina. "Tolerância tem a ver com comportamentos diferentes daqueles que valorizamos e pelos quais temos repugnância. Exercê-la é importante não só para a convivência social como para a sanidade mental", diz Bolívar Lamounier.


O fato


Fabio Motta/AE






Não é qualquer um que consegue fazer o país inteiro se solidarizar com um integrante do governo. Mas também não é qualquer um que usa o palavreado do governador de Mato Grosso do Sul, ANDRÉ PUCCINELLI, em relação ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc: "Ele é v... e fuma maconha. Se viesse aqui, eu ia correr atrás dele e estuprar em praça pública". Para piorar, veio depois o típico pedido falso de desculpas: "Se alguém se sentiu ofendido...". Desafio aos tolerantes urbanos: não achar que todo produtor rural é um brutamontes destruidor da natureza.


A análise


"O governador foi desmascarado em seus preconceitos mais bestiais. Em um momento em que se luta tanto contra discriminações, sejam elas de gênero, sejam sociais, o governador mostrou que não tem equilíbrio mental nem competência profissional para estar no cargo que ocupa", fulmina o cientista político Gaudêncio Torquato.






5. Bateu, não levou


Levar uma fechada, ouvir uma buzinada milésimos de segundo depois que o sinal abre, esperar que o manobrista pegue o carro largado na sua frente com a maior displicência. O stress e o anonimato propiciados pelo trânsito nas grandes cidades se combinam para testar o tempo todo os limites do AUTOCONTROLE. Para não se transformar num ser desatinado em busca de vingança, só existe uma reação possível: olhar tudo aquilo de um ponto de vista distanciado - ou, se preferir, superior. "Podemos aliviar a raiva tomando distância do que está acontecendo. Alguém me xinga, por exemplo, e eu reajo como se a ofensa fosse um pacote que recebo e devolvo fechado, porque não me considero o destinatário. O ato de grosseria está relacionado com o estado mental do agressor, não com o do agredido", ensina Piero Forni. Quem acha que tem temperamento forte, sangue quente ou pavio curto, e usa essas expressões para justificar comportamentos agressivos, deve considerar a hipótese oposta. "A pessoa que não controla a agressividade no fundo tem ego fraco", explica a psicóloga Lidia Aratangy.


O fato


Jonathan Mannion/Corbis Outline/Latin Stock




Eles estavam numa festa, discutiram. Entraram no carro, gritaram. Pararam, ela pegou a chave e jogou pela janela. Que briga de namorados já não passou por esses estágios? A diferença no caso infeliz do rapper americano CHRIS BROWN, 20 anos, é que ele não teve autocontrole para impedir que a raiva se transformasse em agressão - e arrebentou brutalmente o rosto da cantora Rihanna, 21. E ainda disse no dia seguinte que todo mundo iria saber quem "era ela de verdade". A partir daí, os profissionais de imagem assumiram e ele pediu desculpas duas vezes, sem muita convicção. Foi condenado a cinco anos em regime de liberdade vigiada e 180 dias de trabalho comunitário.


A análise


"A única maneira de uma pessoa de pavio curto adquirir autocontrole é ela tomar a decisão, de maneira íntima e compromissada, de não agir com violência diante de uma situação de stress", diz o cientista político Rubens Figueiredo. Quem já atingiu o limiar da agressão física deve parar - de dirigir, por exemplo, ou de beber - até se reprogramar, com ajuda profissional se necessário.






6. Respeito é bom


O termo CIVILIDADE vem da palavra civitas, que quer dizer cidade. Tem civilidade, portanto, aquele que sabe viver em sociedade, um sistema refinado ao longo dos tempos. No século XVI, por exemplo, o filósofo holandês Erasmo escreveu uma espécie de manual de comportamento. "Ele explicava que não devemos cuspir à mesa nem na mesa, nem beber a sopa direto da sopeira, nem colocar as botas em cima da mesa. Soaria estranho fazer isso hoje, mas houve um tempo em que os nobres precisaram ser educados para melhorar seus modos", diz Renato Janine Ribeiro. Na construção da sociedade ocidental, o mesmo conceito que abrange algo aparentemente acessório, como os bons modos à mesa, inclui o complexo mecanismo do respeito entre as pessoas, base das relações civilizadas. "Hoje, o que entendemos como a ideia central da civilidade é justamente o respeito pelos outros. Os bons modos mostram a nosso próximo que temos estima por ele", diz Ribeiro. Roberto Romano propõe uma pergunta simples para aplicar o conceito de civilidade em diferentes situações da vida cotidiana: o que posso fazer pelo outro para que a vida de todos seja suportável?


O fato


Ed Ferreira/AE






Desprezar o conceito de serviço público, legislar em causa própria, fazer nepotismo cruzado, usar recursos não contabilizados e mentir muito. Todo mundo já percebeu de quem estamos falando. Mas fazer tudo isso e ainda esfregar na nossa cara? Em maio passado, o deputado SÉRGIO MORAES (PTB-RS) se irritou com jornalistas que cobravam dele posição mais rigorosa sobre o caso do colega do castelo de 25 milhões de reais nunca declarados e tripudiou: "Eu estou me lixando para a opinião pública. Até porque a opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, batem, e nós nos reelegemos mesmo assim". A ofensa em escala nacional não abalou o senhor Moraes. "A mídia distorceu a minha fala. O que eu quis dizer é que eu não ia mentir, como a mídia queria", insiste. E reincide: "Não fui deselegante com ninguém, não me arrependo e tenho muito orgulho do que eu disse".


A análise


"O deputado desrespeitou quem votou nele, desrespeitou seu cargo, desrespeitou quem escutou aquela declaração. O perigo mais evidente nesse tipo de situação é o comportamento mimético. As pessoas pensam: se o deputado rouba, por que eu não posso roubar? Se ele fala essas coisas, por que eu tenho de me esforçar para ser educado?", diz Gaudêncio Torquato.






7. Fora, trapaceiros


Todo mundo quer se dar bem, mas, se fizer qualquer coisa para conseguir isso, o mundo todo vai acabar mal. Não é preciso nem voltar ao estado natural, ou hobbesiano, da guerra de todos contra todos para entender a necessidade de um conjunto de regras comumente aceitas e, dentre elas, a importância da HONESTIDADE. Seja pagar pelo gabarito da prova do Enem, seja levar comissão em obras públicas, quem faz trapaça está roubando um pouco de cada um, não só em termos materiais, mas principalmente pela infração ao pacto social através do qual contemos nossos instintos mais selvagens em troca das garantias da civilização. "Na sociedade ocidental cristã, a figura do trapaceiro é uma das mais odiadas. A trapaça fere várias convenções sociais, entre elas a obediência às regras e a honradez", diz Roberto Romano.


O fato


Timothy A. Clary/AFP




Mesmo no universo dos grandes ladrões, a tungada de BERNARD MADOFF, 71 anos, estabeleceu novos parâmetros de desonestidade. Madoff conseguiu tirar dinheiro de gente que entendia tudo do assunto, mas também limpou viúvas, instituições de caridade, parentes e amigos. A pirâmide financeira que presidiu sugou 65 bilhões de dólares de quase 5 000 enganados. Faltando poucos dias para ser preso, quando todo o esquema já havia ruído, ele ainda conseguiu arrancar 250 milhões de dólares do homem a quem dizia ter como pai, o venerando empresário Carl Shapiro, de 95 anos, dando um novo sentido à expressão roubar velhinhos.


A análise


"O efeito de uma desonestidade cometida por uma figura conhecida, bem-sucedida e querida pode virar um problema enorme. Nem todas as pessoas vão ver a desonestidade que não deu certo como um ato necessariamente ruim, passível de restrição moral. A interpretação de muitos é que o erro pode não ter sido o ato, mas o fato de aquele sujeito conhecido, bem-sucedido e admirado não ter conseguido se safar", diz o sociólogo Demétrio Magnoli.






8. Dobre a língua


A cultura da permissividade tem enormes vantagens - a começar, naturalmente, pelo abrandamento dos costumes repressivos. A contrapartida também é evidente: a ideia disseminada de que cada um pode, e até deve, fazer e falar o que quiser, mesmo que isso invada o espaço alheio, incluindo os ouvidos. Não dizer o que dá na bola é diferente de contar mentiras. No primeiro caso, quem usa da CONTENÇÃO VERBAL está obedecendo ao mecanismo de freios sociais pelo qual as opiniões próprias são atenuadas de forma a não ofender os sentimentos alheios. No segundo, a verdade é falsificada para tirar algum proveito, nem que seja promover a própria e engrandecida imagem. Quem acha que tem de "pôr para fora" tudo o que pensa e até invoca o pensamento mágico ("Assim não vou ter infarto") na verdade não está no comando de si mesmo. "Viver em sociedade implica abrir mão de certas selvagerias para obter a proteção social que vem da vida em conjunto", diz Roberto Romano. "Nesse contexto, a má-educação, a ganância desmedida, a negligência ao outro, são todos fatores de desagregação social."


O fato


Adriano Vizoni/Folha Imagem




Quando MARTA SUPLICY era ministra do Turismo e disparou o infame "relaxa e goza" para os infelizes vitimados pelas longas esperas nos aeroportos, obedeceu a imperativos próprios: ter papas na língua era o equivalente a viver uma vida de insuportável repressão, como pregava uma tendência psicanalítica dos anos 70. Resultado: passou imagem de arrogância pela classe a que pertence, prepotência pelo posto que ocupava e, incrivelmente para uma pessoa com seu histórico, machismo virulento pela comparação.


A análise


"Na política, alguém que fala o que quer e, principalmente, com um nível de agressividade alto está querendo dizer que é dono da verdade absoluta", analisa Demétrio Magnoli. "Na esfera privada, quem fala o que quer e não se preocupa com o que o outro pensa e sente, além de ser profundamente incivilizado, não permite que uma divergência seja resolvida. O diálogo é cortado antes que produza frutos."






9. Sinto muito, mesmo


Pressa, pressão, prazos - tudo na vida contemporânea conspira para que o tratamento civilizado seja atropelado mais cedo ou mais tarde. Para isso existe um remédio universal: PEDIR DESCULPAS. O arrependimento sincero, aquele cuja intenção seja menos aliviar a consciência do ofensor e mais dar uma satisfação moral a quem foi ofendido, é um lenitivo de eficácia comprovada através dos tempos. Só os seres altamente evoluídos se desculpam com classe e naturalidade, mas os demais - ou seja, todos nós - também podem desfrutar o sentimento de paz interior que essa atitude desencadeia. É só treinar direitinho. Quanto ao momento e ao método corretos para pedir desculpas, gente com os mecanismos psíquicos em estado de bom funcionamento tem um "vergonhômetro" infalível. "É aquele sangue que sobe ao rosto quando fazemos algo errado, e que sinaliza o respeito pelo outro", diz Roberto Romano. "Sem isso, o pedido de desculpas não vale."O fato


O fato


Kevin Lamarque/Reuters






A moral sexual é, evidentemente, assunto de foro íntimo, mas trair a mulher e tentar faturar em cima disso vira um caso flagrante de ofensa social. Ainda por cima fingindo falso arrependimento, como fez o apresentador americano DAVID LETTERMAN, 62 anos, ao contar piadinhas para confessar que teve casos com funcionárias e que estava divulgando o fato porque alguém que sabia da prática ameaçou chantageá-lo. Só uma semana depois ele se lembrou de pedir desculpas, esfarrapadíssimas, à mulher. A audiência foi às alturas.


A análise


"Ao fazer humor com o ocorrido, ele quis banalizar seu erro e, assim, ser perdoado", diz Rubens Figueiredo. "O pedido de desculpas deve mostrar que você está ciente de que o que fez foi errado, e que magoou a outra pessoa. Buscar justificativas tortuosas para o ato demonstra negligência em relação aos sentimentos do outro", completa Piero Forni.






10. A casa comum


O comportamento decoroso surgiu na Igreja Católica, a partir da vestimenta dos padres e das freiras, sempre igual em qualquer ambiente e feita para cobrir tudo de forma a não atentar contra o pudor próprio ou alheio. "Com o tempo, o DECORO das vestimentas passou para a linguagem e as atitudes. A fala decorosa é aquela que diz o que tem de dizer sem adular ou ferir. O comportamento decoroso é aquele que não ofende os outros, que não agride, que não é exibicionista ou apelativo", explica Roberto Romano. Pequenos atentados cotidianos ao decoro incluem urrar ao celular em ambientes confinados, ignorar solenemente aquilo que seu cãozinho faz na calçada e ouvir música nas alturas porque "a casa é minha". Ter decoro é entender que a casa é um pouco de todos.


O fato


Divulgação/TV Globo




Lady Kate, personagem da atriz KATIUSCIA CANORO no programa Zorra Total, é exibida, decotada e exagerada, adora gastar o dinheiro de um certo senador que convenientemente nunca aparece e, diante de qualquer obstáculo que surge, repete o bordão: "Tô pagando". Na personagem, é engraçado; na vida real, é execrável.


A análise


"Uma vez conscientes de que a vida é uma experiência baseada nas relações, temos de ter em mente que os desejos das outras pessoas são tão válidos quantos os nossos. Isso significa que, ao perseguir nossos objetivos, precisamos ter certeza de que estamos sendo justos com os outros. O decoro nos ajuda a ajustar essa medida", diz Piero Forni

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Criação?

Concentração.
Idiosincrasia.
Caráter inexcrupuloso.
Saudade.


Importação.
Paralisia.
País populoso.
Caridade.


Corporação.
Maresia.
Queijo gorduroso.
Sanidade.


Nação.
Poesia.
Caminho tortuoso.
Cidade.


Coração.
Cinesia.
Pão delicioso.
Piedade.


Porção.
Anestesia.
Produto defeituoso.
Verdade.


Condução.
Fantasia.
Pedido indecoroso.
Sensualidade.


Salvação.
Cortesia.
Ser glorioso.
Suavidade.


Perdição.
Heresia.
Membro perigoso.
Causualidade.


Destruição.
Assepsia.
Vírus contagioso.
Paridade.


Sem noção.
Teimosia.
Poema horroroso.
Realidade.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eu já vi este filme.

Realmente eu estava bêbado. Não tanto pra não saber o que fazia, mas o suficiente pra fazer o que normalmente não faria.
Não sei se era a música, ou se a fumaça, ou seriam as luzes? Só sei que naquele momento eu já não sabia mais qual seria o passo seguinte.
E mesmo você tentando me ensinar, eu só pensava na Elis: "são dois pra lá, dois pra cá". E, de repente, tudo parou. Normalmente, teria acabado ali. Foi bom, ok, até mais, beijinho, beijinho, tchau, tchau.
Mas não, bêbado que eu estava, insisti. Eu me perdia e tropeçava em minhas próprias palavras, o comando mental era coeso, mas coesa não era a minha coordenação.
Jogamos conversa pro alto (podia ser auto, seria legal não seria:?), e falamos besteira. Falei de TV (muito inteligente), mas foi só.
Mesmo bêbado, a noite terminou.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Escrevi pra você

Tenho medo até de falar sobre isso.
Como uma pessoa pode mexer tanto com outra? Seria essa uma pergunta sem resposta?
É incrível como uma pessoa pode viver tanto em seu caminho, sem mesmo estar ao seu lado.
É incrível como uma pessoa pode domesticar um selvagem apenas com um sorriso.
É incrível como uma pessoa pode descontralar outra de tal modo, apenas com sua presença.
É incrível como uma pessoa pode fazer temer um destemido apenas com sua voz.
É incrível como uma pessoa pode, ao mesmo tempo, alegrar outra com seu sorriso e sua presença, e decepcioná-la com sua voz.

Até aquele que costuma traçar objetivos, costuma arriscar o que lhe vier, tentando ter essa pessoa.
"Ter", um verbo um tanto quanto possessivo, mas extremamente vísivel nas relações humanas.
No meu caso, este verbo tão contumaz não me serve. Eu nunca quis ter esta pessoa.
Eu nunca quis possuir, na tradução mais ao pé da letra.
Eu quero, ver, estar, compartilhar, sorrir, sonhar, viver, amar.

Ver, sonhar e amar são situações simplesmente inerentes à ciência da existência desta pessoa.
Eu já vi, já sonhei, amo. Como ser humano, eu quero sempre mais.
E sempre tive certeza do que quero.
Eu amo. E quero muito.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Aproveitando a vida!

A vida está em alta hoje em dia. Valorizam-na tanto, que dá até gosto de ver. É crack aqui, vodka lá, cigarro ali, anfetamina acolá. Tudo muito bonito, tudo certinho. Eu gosto de viver em um mundo assim.
Nada melhor, que acordar de madrugada com o som dos passarinhos caindo mortos em seu telhado: Ah, o tiroteio rendeu hoje, hein?
Como é prazeroso, abrir a porta devagarinho, bem devagarinho, sentindo aquilo friozinho na barriga: será que tem um morto estendido aqui no chão??? Ou, invadiram a favela, será que não corro o risco de um rapaz aqui da comunidade ou um poliça me dá um tiro na testa de tão assustado??? Opa, não tem ninguém, re re.
Ê vida boa, a adrenalina come solta já de manhã. Nada como ela pra acordar bem.
Agora está que é uma beleza, já saí de casa, vou atravessar a rua e pegar o adorável coletivo. Opa, o coitado do rapaz atrasado não me viu, e quase que me mata com seu BM. Viu, como eu já tenho o horário do ônibus, não preciso correr pra chegar no serviço na hora certa. Mas, também, são cinco da matina, ele deve trabalhar longe, como eu sou! (só pra citar, logo que o rapaz da BM passou, uns dois Golfs e uma Ferrari passaram na mesma pegada, tsc tsc, como esses riquinhos andam atrasados).
Pronto, atravessei a rua, no carreiro encontrei um amigo meu caído no chão, meio sujo, com um cachimbo de crack do lado, esse sabe aproveita a vida, hein??? Guri bão.
Cheguei cedo no ponto, tem apenas mais duas pessoas lá. Ahhhh, como é bom puxar este ar da manhã (se bem que tem um cheirinho esplêndido do cigarro que um simpático cavaleiro, educadamente, compartilha comigo {tudo bem que eu não fumo}).
Hoje o dia está demais, o ônibus chegou e neste dia, particularmente, eu conseguirei ir com apenas meus braços pra fora. Como que sou um cara de sorte!!! O ar tornou condicionado entre a minha respiração e a do senhorzinho com um agradável aroma etílico à minha frente. Os deuses me abençoaram!!!
Mal desci do coletivo e já senti uma leveza em meu corpo, mais à frente quando tomava um cafezinho, percebi que haviam roubado minha carteira. Confesso que fiquei um pouco chateado, achando que a sorte havia me abandonado, até que fui surpreendido por dois rapazes armados de tacos de beisebol, que me constrangeram solicitando minha carteira. Eu sorri, acalentado pela lembrança de que não estava com minha carteira e lhes disse: amigos, sinto lhes dizer, mas não estou com minha carteira. Eles sorriram, eu pensei. Pela última vez nestes últimos dez meses: Foi tanta pancada na minha cabeça, coluna, barriga e tudo mais que eu fiquei em coma por todo este tempo.
Quando acordei, minha família que ainda estava viva, estavam a minha e sorriam, como se fosse domingo, um dia depois do pagamento. Os médicos, falavam que eu precisava de um tempo pra recuperação e eu fiquei por ali.
Nestes dias de hospitalizado fiz amigos, eu sempre uma pessoa feliz, mesmo com uma placa de titânio na cabeça, sem três costelas, com um rim dilacerado, dezessete pinos na perna esquerda e treze na mão direita, comecei então a fazer amigos, cadeirava de lá pra cá, de cá pra lá, até que um dia eu parei na ala psiquiatra.
Conheci uma menina bonita até, mas com uma beleza apagada, com um sorriso triste, muito, mais muito magra. Perguntei-lhe o que tinha acontecido, ela falou que era viciada em anfetamina. Eu pensei: nada demais, só aproveitando a vida.
Entretanto, de tanto pegá-la chorando em frente ao espelho, intrigado com seu estado, questionei um médico o que acontecia com ela. Ele mencionou uma tal de anorexia. Pensei que fosse uma inflamação qualquer e fiquei de boa.
Mas, como o médico falava mais do que a boca, começou o que realmente era anorexia, e eu comecei a mudar o MEU estado de espírito.
Passou um filme na minha cabeça: Todos os dias, eu acordo com o intenso tiroteio no bairro onde eu moro, saia de casa com medo de levar um tiro (isso quando saía de casa), quase sou atropelado por aquele bando de inconsequentes que ficavam brincando com suas vidas e com a de quem estivesse em seu caminho, sou obrigado a ver aqueles por quem tinha consideração jogados na sarjeta viciados em drogas entorpecentes, tennho que fumar o cigarro de um retardado suicida qualquer que queria me levar pra morte com ele, respiro o alcool da boca de um cara sem vida, que estava jogado ao mundo, abandonado, sou privado dos míseros centavos que ganhava como proletariado, e sou espancado por estes mesmos centavos.
Enquanto isso, essa bela moça, essa bela de uma filha da puta, em sua busca incessante por uma beleza totalmente relativa, viciou-se em remédios pra emagrecimento, se tornando uma esquálida totalmente sem vida.
Meus pensamentos duraram alguns minutos, até que percebi que o negligente médico havia deixado uma seringa na mesa ao meu lado: apossei-me do tubo, cadeirei até a menina, pedi que me abraçasse e apliquei o líquido todo nela.
Assustada, ela me olhou e perguntou o que estava acontecendo. Sorri e lhe disse: Estou lhe dando uma razão significativa pra chorar, apliquei-lhe uma quantidade de insulina suficiente pra que você não tenha mais problemas com seu peso. Você tem alguns minutos antes de partir.
Aterrorizada ela corria pelo hospital, comigo cadeirando atrás dela e gritando: Vai aproveita a vida que lhe resta, vai corre! Ha ha ha.
Eu sorri e pensei: como esse povo é trouxa, tanto barulho por uma seringa de soro!!!