terça-feira, 31 de agosto de 2010

Luis de Camões (mais do mesmo)



Quem diz que Amor é falso ou enganoso,

ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.

Amor é brando, é doce e é piedoso;
Quem o contrário diz não seja crido:
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens e inda aos deuses odioso.

Se males faz Amor, em mi se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.

Mas todas suas iras são de amor;
Todos estes seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.

Anísio (interinamente) Capítulo Segundo


Ainda não havia decidido o que fazer com a “fortuna” que lhe coubera como herança, nem o que seria de sua vida a partir de então. Sabia apenas que não deveria baixar a cabeça diante dos pesares que com certeza lhe viriam a acontecer.

Sim, porque, após a morte de sua avó, acreditava que todo mal do mundo cairia sobre suas costas. Ora pois, humano que era, tinha a extrema necessidade de ser o centro do universo, universo que, em seu egocentrismo, acreditava conspirar contra ele.

Talvez deviam ter-lhe dado razão: mal chegou a pacata Curitiba, e um vileiro sem alma, roubou seu boné.

Ao sair da rodoviária, percebeu que esquecera de lembrar de comprar um guarda-chuva. Pudera, quem foi que o mandou para este cidade sem um kit sobrevivência? A chuva não era tão forte, mais o frio de verão era muito mais que frio que qualquer inverno em sua cidade natal, quiçá de qualquer outra cidade.

Por sorte, conseguiu desviar dos pingos que, como se tiros fossem, eram disparados sem a menor piedade. Diante desta bondade divina, alguém poderia até duvidar que o universo não estava conjurando contra ele. Acalmem-se senhores, a injustiça tarda mas não falha: mal chegou à calçada e aquele maldito ônibus vermelho fez questão de procurar a poça mais abundante para lavar seu humor.

Quis o destino, também, lhe privar de aprender alguns dizeres próprios aquela situação, fazendo apenas com que bradasse:



_ Seu... seu... mané!



Suas palavras torpes, por sorte não chegaram aos ouvidos do malvado motorista que sequer olhou para trás, pois com certeza ele se sentiria muito ofendido por ser comparado a um pronome de colonizadores brasileiros.

Estando assim, não lhe restou outra alternativa a não ser se hospedar em algum lugar perto da rodoviária. Cerca de dez minutos depois, encontraria o melhor hotel da região. O quatro estrelas, para ele, era o lugar mais luxuoso da face da terra. O quarto com carpet, uma cama enorme e televisão colorida, era a coisa mais confortável que sentia, desde que saíra do martírio de sua terra. Parecia utopia, tudo aquilo por apenas dois dígitos de reais.

Constatou que deveria o quanto antes aproveitar o chuveiro quente do seu quarto. Mal terminou de pensar e já estava lá, esquentando-se e desfrutando daquela benção da vida urbana. Tomou o melhor e mais demorado banho de sua vida, lavando toda a tristeza que ainda restava em sua alma.

Antes que se perguntem, por melhor que esta última parte lhe pareça, aquele não era o dia de Anísio.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pois é...



No mais alto pico do Tibet vive o mais sábio homem do mundo.
Certa vez um rapaz foi à sua procura e perguntou-lhe:

- Mestre dos mestres!

Qual o caminho mais curto e seguro para o coração de uma mulher?
O mestre respondeu-lhe:

- Não há caminho seguro para o coração de uma mulher, filho. Só trilhas à beira de penhascos e caminhos sem mapas, cheios de pedras e serpentes venenosas...

- Mas, então, mestre... O que devo fazer para conquistar o coração da minha amada?

Então lhe disse o grande guru:

- Fazer uma mulher feliz é fácil. Só é necessário ser:

Amigo; Companheiro; Amante; Irmão; Pai; Chefe; Educador; Cozinheiro; Filho; Prestativo; Audaz; Simpático; Esportista; Carinhoso; Atento; Cavalheiro; Inteligente; Imaginativo; Criativo; Doce; Forte; Compreensivo; Tolerante; Prudente; Ambicioso; Capaz; Valente; Decidido; Confiável; Respeitador; Apaixonado; E, RICO!!!

E ainda deve seguir as seguintes regras:

- Não cuspa no chão
- Não coce o saco na frente dela
- Não arrote alto. Aliás, não arrote
- Dê flores e muitos... Muitos presentes
- Corte e limpe as unhas... Não coma as unhas
- Não peide sob o cobertor... Aliás, não peide
- Levante a tampa do vaso antes de mijar
- Deixe ela ter ciúme de você... ela, pode!
- Use desodorante (que preste)
- Dê descarga depois de sair da privada
- Não fale palavrão
- Não seja engraçadinho com os outros
- Não fale mal da mãe dela... Aliás, ame a mãe dela
- Não tenha ciúme dela
- Não fique barrigudo... Aliás, não engorde
- Não demore no banho
- Não chegue tarde em casa
- Saia para trabalhar e volte correndo
- Não beba até tarde com amigos... Aliás, não tenha amigos
- Não seja pão-duro. Use pelo menos 2 cartões de crédito
- Não diga que mulher não sabe dirigir
- Não olhe para outras mulheres... Aliás, não existem outras mulheres
- Aprenda a cozinhar
- Diga "eu te amo" pelo menos 05 vezes por dia;
- Lave a louça
- Ligue para ela, de qualquer lugar
- Deixe ela conversar durante horas ao telefone
- Não ronque
- Não seja fanático por futebol
- Faça a barba todos os dias para não arranhá-la
- Nunca reclame de nada
- Repare quando ela cortar o cabelo, mesmo que seja apenas as Pontinhas, e diga sempre que ficou lindo...
- É muito importante ainda não esquecer as datas do seu: aniversário, noivado, casamento, formatura, menstruação, data do primeiro beijo; aniversário da mãe, tia, irmão ou irmã mais querida, aniversário dos avós, da melhor amiga... E do gato.

Infelizmente, o cumprimento de todas estas instruções não garante 100% a felicidade dela, porque poderia sentir-se presa a uma vida de sufocante perfeição e fugir com o primeiro traste "gozador da vida" que encontre.

- E o mais importante, meu rapaz... Espere... Volte aqui...

- NÃO... NÃO PULE... NÃO SE MATEEEEEEEEEEE!!!

Anísio (Interinamente) Capítulo Primeiro

Há tempos não se via um ritual de passagem tão elaborado como aquele; alcançou a maioridade legal uma semana após o fatídico acontecimento. Buscou ajuda para enfrentar aquela situação, mas ao olhar para os lados sabia que não havia ninguém que pudesse lhe confortar. Entendia que o máximo que poderia ouvir era lá do fundo uma voz gritando: Te vira, guri!

_ E fazer o quê? Ces’t la vie. Pensou enquanto assinava o contrato de compra e venda daquele que fora o seu mundo durante toda sua existência até então.

Sua intenção era mudar-se para a capital. Não que tivesse qualquer ambição pecuniária: precisava se afastar o quanto antes de tudo o que lembrasse de sua antiga vida. Seu antigo “eu” acabara de morrer e seria enterrado no dia seguinte quando pegasse o ônibus para a capital paranaense, sem choro, nem vela.

Dos poucos e bons amigos que possuía (se é que pode ser possível possuir outra pessoa), restou abraços e desejos de boa sorte. Das meninas que conhecia, apenas um aceno com um pouco mais de ênfase para Renata. Sua amiga íntima, que apesar de sua rispidez, havia sido o mais próximo de um relacionamento homem-mulher que tivera.

O Expresso Maringá parado no terminal era inconscientemente assustador, determinante para o fim de toda uma era, de todo um estilo de vida. Aquele garoto do mato, como diziam alguns, teria que aprender a ser um civil, seja lá o que isso quisesse dizer...

O ônibus partiu, com seus amigos ao longe acenando e um gosto horrível lhe subiu à boca. Não chorara desde o dia que sua mãe decidiu não servir para o labor materno e o abandonou para conhecer o mundo com o homem que lhe jurará dar o tão sonhado amor eterno. Não chorou quando seu avô “acordou morto”, em sua cadeira próxima a mesa. Nem quando descobriu que jamais conheceria o pai, assassinado pelo amante de sua mãe (?). Ou, ainda, quando lhe trouxeram a notícia que sua mãe fora encontrada em um lago morta por excesso de drogas. Além de que, não teve tempo de chorar sobre o inexistente corpo de sua querida avó, pois o caixão vazio ele solicitou fosse enterrado o mais rápido possível.

Mesmo diante de todos estes fatos, ou diante da lembrança de tudo que lhe acontecera, somada a ruptura de todos os seus sonhos infantis, chorou como se criança fosse, durante a hora de viagem. Entretanto, quando desceu no Terminal Rodoviário de Curitiba, decidiu que bastava de tanta lamentação:

_ É a vida, concluiu, então vamos vivê-la.

domingo, 29 de agosto de 2010

Anisio (Interinamente)

Ele sabia que sua família gritaria. Sabia que podia contar com todos naquele momento. Mas estava sozinho. Cansado e sozinho.

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Era verão e o sítio da família em Cruzeiro do Oeste estava rodeado pelas Araucárias que aos poucos caminhavam à extinção. Anísio era um menino de seus dezessete anos incompletos, forte como seus ascendentes, com a saúde tal qual melhor fruto da miscigenação brasileira.

Um garoto um tanto quanto simples para sua idade, não havia conhecido garota que lhe tivesse dado ou chamado à atenção. Sonhava com as histórias que sua avó lhe confiava. Acreditava que viveria um amor desde o primeiro beijo, que seria eterno enquanto durasse. Que a vida seria um mar de rosas e que rosas não tinham espinhos. Ledo engano.

Não detinha grandes ambições, queria apenas um lugar, alguém, para chamar de seu. Eu sua doce ilusão, viveria para sempre a roda da mesa da cozinha, aconchegando-se na poltrona do avô que há tempos partira. Seria o eterno companheiro de sua avó, sua futura esposa, filhos e netos, a alegrar a casa.

Alguém esquecera de avisá-lo que a vida nos prega peças. Ou, ao menos, deviam ter-lhe dito, que tudo é finito. Ou, talvez, por tudo que já lhe acontecera, deviam achar que ele já sabia. Mas não, e deixaram que ele começasse a gozar a vida da pior forma, pela morte:



No malfadado dia, mais precisamente numa tarde quente e ensolarada de terça-feira, Anísio levou os cães para correr entre as arvores do quintal.

Sequer viu a fumaça que lentamente saia pela janela de sua casa. Quando percebeu, o fogo já consumia vorazmente e de maneira atroz a pequena casa onde com certeza estaria a única pessoa que amava de sua família. Ainda que corresse, sabia que não chegaria a tempo de tentar qualquer reação. Irracionalmente, correu. Com certeza alcançou o recorde mundial dos 1.500 metros com muitas barreiras, chegando a tempo apenas para ver sua querida mãe/avó, que jazia debruçada sobre o que ainda não havia sido destruído da mesa, enquanto o causador de tamanha desgraça, encontrava-se imponente sobre a tábua de passar roupas.

Em questão de segundos Anísio se lançou para fora da casa, vendo as suas costas seu refúgio e porto seguro, morto e em cinzas. Não teve sequer tempo de dar uma beijo de despedida. Lhe foi furtado até o direito de abraçar seu único e mais querido ente. Ele sabia que sua família gritaria. Sabia que podia contar com todos naquele momento. Mas estava sozinho. Cansado e sozinho.

sábado, 28 de agosto de 2010

Você

Minha mãe corria desesperada pelos corredores do hospital.
Enquanto eu, ali, do alto dos meus dois anos e pouco,
jazia ardendo em febre e tossindo ininterruptamente.
Meu coração estava acelerado e vendo tudo aquilo, pouco entendia.
Os médicos, ainda que incansáveis, nada conseguiam encontrar.
Um dizia ser sarampo, enquanto outro, questionando gritava:
_ E o coração disparado?
Eu estava tranquilo, mas sabia que algo estava errado.
Via minha mãe chorando, enquanto eu, aos poucos via tudo escuro.
Sei hoje que aquele era o ano de 1992, fim de outono.
De repente, ouvi um choro ao longe...
Tudo passou, a tosse, a febre, do nada, estava curado.
Minha mãe jura até hoje que eu tive sarampo, ou sopro no coração.
Depois disso, nunca mais tive qualquer doença...
Sei que não teria sobrevivido, se aquele choro não tivesse chegado aos meus ouvidos.
Sei que sem aquela vida que nascia, eu não viveria.
Ainda bem que vivi.


Ps.: Lembro do médico, ao preenchar a receita, perguntar ao residente:
_ Que dia é hoje?
_ Vinte e nove de maio, doutor.


Ps2.: Eu até poderia criar, mas já o fiz, então furto as seguintes palavras:

"Sabe, já faz tempo

Que eu queria te falar
Das coisas que trago no peito

Saudade, já não sei se é
A palavra certa para usar
Ainda lembro do seu jeito

Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo

Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão

Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração"

Era isso.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Abstinência

Seus olhos não me parecem estranhos...
Possui uma aurea que não me faz sorriso.
Cantarola frases prontas aos meus ouvidos,
e tudo, tudo passa, como se fossem gritos.

Sonha com dias coloridos e passados mágicos,
Percebendo toda a beleza que existe em ti.
Condena, mas eu sei que vê, o desatino que és.
Era a Filosofia de uma vida mal vivida aos seus pés.

Semeia em plena aridez, criando seu deserto florido.
Passeia em árvores, bosques, solta ao luar.
Cresce em meio ao sorriso de varias crianças;
Entendendo que, mesmo o mais simples, pode ter lembranças.

Satisfaz-se com o barulho da chuva caindo em sua cama.
Pedindo a Deus que o medo seja passageiro.
Como ligeiro é a passagem daqueles que morrem:
Em tempos que a vida dos salvos é a mesma dos que socorrem.

Sinto como se fosse ontem, eu e você ali na calçada.
Parada você me via, mantendo seus olhos o mais longe dos meus.
Corando sua pele doce, palpitando meu coração.
Exaurindo todas as minhas forças, extinguido minha razão.

Sejam vazios ou meros caprichos os seu lábios desejosos.
Puros não são, pois padecem segredos.
Cria expectativas mediante o som de sua voz.
Exatamente como se agora fosse: suave e atroz.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Leia-me! Flor.

Hey, soul sister:

by Train

Hey, hey, hey
Your lipstick stains
On the front lobe of
My left side brain
I knew I wouldn't forget you
And so I went and let you blow my mind

Your sweet moonbeam
The smell of you in every single dream I dream
I knew when we collided
You're the one I have decided
Who's one of my kind.

Hey, soul sister
Ain't that Mr. Mister
On the radio, stereo
The way you move
Ain't fair you know

Hey, soul sister
I don't wanna miss
A single thing you do
Tonight

Hey, hey, hey

Just in time
I'm so glad
You have a one track
Mind like me.

You gave my life direction
A game show love connection
We can't deny

I'm so obsessed
My heart is bound to beat
Right out my untrimmed chest

I believe in you.
Like a virgin
You're Madonna
And I'm always gonna wanna
Blow your mind

Hey, soul sister
Ain't that Mr. Mister
On the radio, stereo
The way you move
Ain't fair you know

Hey, soul sister
I don't wanna miss
A single thing you do
Tonight

The way you can cut a rug
Watching you's the only drug I need
You're so gangsta
I'm so thug
You're the only one
I'm dreaming of you see
I can be myself now finally
In fact there's nothing I can't be
I want the world to see you be
With me

Hey, soul sister
Ain't that Mr. Mister
On the radio, stereo
The way you move
Ain't fair you know