sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Anísio (Interinamente) Capítulo Décimo Primeiro

  Ao reabrir seus olhos, vislumbrou uma bela moça de roupas brancas. Na verdade, pelo que conseguia ver sem mexer seu pescoço, todas as pessoas ali usavam roupas brancas.

_ Será que eu morri? Pensou em voz alta.

_ Olá moço, a bela moça lhe dirigiu a palavra, felizmente não. Conseguímos socorrê-lo a tempo e fizemos as cirurgias necessárias, para que sobrevivesse. No entanto, você sofreu um parada cardíaca e esteve em coma durante uma semana.

_ Uma semana? Repetiu questionando.

_ Sim, uma semana, apesar que em todo esse tempo, eu via, você estava parecendo muito feliz.

_ Ah, meu Deus, eu fiz alguma coisa enquanto estava dormindo? Anísio gritou assustado.

_ Claro que não, rapaz. A enfermeira respondeu calmamente. Olha, quando se está em coma, você não se comunica com o mundo exterior, mas, quando eu te olhava, tinha a impressão de ver um sorriso em seus lábios.

_ Entendi.

  Tentando a se acostumar com o mundo real, Anísio buscava colocar em ordem os acontecimentos dos últimos dias antes de sua viagem ao mundo dos sonhos. Lembrava o porquê havia chegado a esta cidade, bem como, como maltratado havia sido desde então.
  Por outro lado, até duvidava que estivera em coma, pensava que após tantos dias sem dormir decentemente, tinha pegado aquela semana para tirar o atraso.
  Em meio a estes pensamentos, questionou à enfermeira, que ainda lhe medicava:

_ Moça, você sabe onde colocaram minha mala?

_ Mala? Ah sim, sua mala. Não vai dizer que está querendo fugir de novo, está? É porque sua comentou que você passou uns dias tristes, querendo sair de casa, eu não tenho nada com isso, mas acho que você devia conversar com ela e resolver seus problemas sem que cheguem a este ponto.

_ Peraí, não entendi nada, onde está minha mala e o que minha mãe... Minha mãe? Que mãe? Você pirou?
_ Calma moço, você deve estar com alguma aminésia em razão de sua queda. Faz sentido, pois era muito alto seu quarto, estava querendo se matar?
_ Moça, pelo o amor de Deus, eu não sei de nada do que você está falando, minha mãe morreu quando eu era pequeno e sequer me criou, eu não tentei me matar nem nada, dá pra você me explicar?

  Pacientemente, a moça, que já estava se tornando uma amiga, sentou em sua cama, pegando em sua mão e, com a voz mais doce que Anísio jamais ouvira, assim disse:

_ Veja bem Anísio, sei que você não se lembra, mas sua mãe é uma senhora muito bondosa. Sei que deve ser dificil morar em um lugar com tanta gente desconhecida, como é a pensão em que vocês são donos. Também sei, que você deve ter seus problemas para intentar contra sua vida, mas pense melhor quando pensamentos sobre isso lhe passarem novamente em sua cabeça.

  Ainda que visse que o semblante do seu ouvinte permanecia confuso, ela segurou ainda mais forte sua mão e se aproximando, continuou:

_ Você é um rapaz muito bonito Anísio, forte, com certeza muito inteligente, apesar de ter que ficar alguns dias aqui, tem demonstrado que é muito saudável, por sobreviver a tamanha queda. Por isso, quando voltar para sua casa, comece a aproveitar sua vida de uma maneira melhor.
_ Sua mãe me disse que gosta de futebol e joga bem, por que não faz teste em algum clube? Tenho certeza que conseguiria seguir carreira. Daí, você pode me dar um carro de presente que eu não ligo não.

  Com o final de seu discurso, os dois sorriram. Assim, ela, satisfeita por ter conseguido fazê-lo sorrir, deu-lhe um beijo no rosto e se despediu, enquanto ele, ainda confuso, mas não querendo discutir com tão doce pessoa, preferiu concordar e lhe acompanhar com olhos enquanto saía de seu quarto.
  Alguns minutos depois, ainda que mal tivesse acordado, um sono terrível se apoderou dele, não lhe deixando opção, senão, dormir.

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