quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Anísio (Interinamente) Capítulo Terceiro

Sons de uma violência desconhecida ecoaram pelo quarto, até alcançar nosso singelo Anísio:

_ Abra a porta cidadão! Bradou um desconhecido. Tem dez segundos antes que arrombemos a porta!

Surpreso com o barulho, mas sem entender o que falavam, apressou-se em sair do banheiro. Mal teve tempo de vestir algo, além da toalha que lhe apertava a cintura, antes que tudo viesse abaixo em seu, até aquele momento, adorável quarto de hotel.

_ Mão na cabeça, espertão! Gritou um homem com uniforme conhecido.

_ Te pegamos, hein? Apoiou o segundo que entrara de arma em punho.

Parafraseando Renato Russo, Anísio não entendia como a vida funcionava, discriminação por causa da sua classe ou sua cor. Muito menos entendia o que lhe acontecia naquele instante. Encontrava-se tão surpreso que sequer tivera reação (a não ser às ordens sob o aval das armas) até que, indignado, ponderou:

_ Que, que tá acontecendo?

Ao que, o respeitável defensor da lei, respondeu-lhe, já dando voz de prisão, conforme determinação a legislação:

_ Ainda não entendeu? Perguntou, desferindo um amável soco em sua orelha direita. Você tá preso, malandrão.

_ Cabo Lourenço, que você tá fazendo? Assustou-se o sargento que acompanhava a operação policial. O rapaz não entendeu. Explica direito.

O cabo Lourenço, humilde trabalhador que apenas acatava uma ordem superior, passou a dar uma explicação completa sobre o surpreendente acontecimento. Ele falou tanto, que Anísio teve que sair do seu quarto arrastado.
Jogado no camburão com apenas calção e camiseta, não sabia se sentia mais dor, frio ou raiva. Aprendera que tudo na vida tinha um propósito, mas acreditava que o único propósito daquela situação, era o de sacanear com ele.
Chegando à delegacia, foi direto levado ao chefe máximo daquele departamento, sob a altivez da voz policial militar do seu carrasco Lourenço:

_ Taí Delegado, quem falou que a gente não é polícia? Não falei que em uma semana entregava o cara?

_ Pois é, apoiou o sargento, fizemos um pente fino na cidade e descobrimos que o colega aqui estava hospedado em um hotel camarada, gastando todo o fruto do seu “trabalho”.

_ Isso aí, continuou o afobado cabo, então demo umas incerta lá pros lado da rodoviária e acabamos por ver o espertão aí, correr quando viu a gente. Seguimos ele no pianinho, até que ele entrou num hotel lá perto.

_ Por fim, completou o sargento, o gerente do hotel nos informou que achou estranho um rapaz como aquele, pagando em dinheiro, apesar de sua aparência demonstrar que não tinha condições alguma. Não restaram mais dúvidas. Com isso, invadimos o quarto do malandro e com ele descobrimos uma mala cheia de dinheiro.

_ Não! Pensou Anísio. Quem foi o imbecil que lhe disse para não confiar em bancos?

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