terça-feira, 17 de março de 2009

Tempos da Crise IV

Foi em meio a esta loucura que eu descobri algo que mudaria - e mudou - a minha vida. Como ainda não sabia o nome desta coisa, mais precisamente desta mulher, resolvi chamá-la carinhosamente de adorável flor-de-lis (seja como fosse que se escrevesse).
Ela era encantadora, seduzia a todos quando passava exalando seu cheiro de flor-de-lis (daí o apelido).
Estava na França, era o ano de 1973 e eu estava totalmente perdido. Não sei se foi a barreira da língua ou o medo de ser descoberto pelos capangas de Médici que vasculhavam toda a Europa em busca de dissindentes e opositores, só sei que não conseguia criar coragem para conversar com ela.
Quando a conheci, estava morando exilado na cidadezinha de Chantilly, ao norte de Paris, buscando recuperar forças para retornar ao Brasil e ajudar na luta contra a Ditadura. Chantilly era, e é, uma cidade mística. Com seu imponente Castelo erguido em seus amáveis campos, tudo parecia ser mais fácil visto daqui. A dor do espancamento, das balas e da viagem de navio até aqui, pareciam não ser nada comparados à imensa beleza desta cidade.
As salas de teatro lotavam e eu via os casais apaixonados. Era constrangedor viver lá.
Precisava voltar correndo pra realidade, antes que fosse tarde demais.
E, se pudesse, gostaria de trazer minha adorável desconhecida também.

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