quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mais do que solido

Mira, gritei. Ela olhou-me fundamente nos olhos e caiu. Corri a seu encontro e perguntei se estava tudo bem. Ela sorriu e disse: eu gosto de você também.

Seu salto havia quebrado e lá do alto Mira desmoronou, cansada de tanto descaso, à mim, seu amor, se entregou. Jurei a Lua, o Sol e as demais estrelas. Só um quarto com brilhantes lhe pude dar.

Ela era criança ainda, com seus sete anos sonhava em ir tão alto que já não iria poder voltar. Era minha filha, minha adorável família. Naquele dia eu soube que ela iria embora. Não aconteceu nada demais. Ela apena me olhou e disse: eu gosto de você também.

Eu estava confuso, cansado e com dores nas costas. Deitei-me e ela pousou sua cabeça em meu peito, de um modo sorrateiro não estava acostumado e aquilo me espantou, Mira tirou uma flor de seu bolso e sem querer me cortou. Ela ficou assustada, mas tratei logo de acalmá-la.

Os campos que rodiavam minha casa de outono, estavam muito verdes naqueles dias, nada parecia ser como antes, parece nunca existira minha casa na cidade e que carros e tudo mais que causava tanta poluição e minha alergia. Lembrei-me dos tempos de Baader-Meinhof, devia ter feito mais muito mais.

Então, de repente, eu estava em uma ponte, numa cidade conhecida, talvez Berlim.
Tudo estava tão bom, minha saúde, minha filha, minha cidade.Mas, não sei o que aconteceu, de repente, não mais que de repente, tudo desapareceu. Algo me tocou, não sei que voz me chamou, não sei por quê, mais alguém me acordou.

Então cá estava eu de novo. Moribundo, morto, nesta maldita de cidade que se corrompe mais e mais a cada dia. Que dia.

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