Minha mãe corria desesperada pelos corredores do hospital.
Enquanto eu, ali, do alto dos meus dois anos e pouco,
jazia ardendo em febre e tossindo ininterruptamente.
Meu coração estava acelerado e vendo tudo aquilo, pouco entendia.
Os médicos, ainda que incansáveis, nada conseguiam encontrar.
Um dizia ser sarampo, enquanto outro, questionando gritava:
_ E o coração disparado?
Eu estava tranquilo, mas sabia que algo estava errado.
Via minha mãe chorando, enquanto eu, aos poucos via tudo escuro.
Sei hoje que aquele era o ano de 1992, fim de outono.
De repente, ouvi um choro ao longe...
Tudo passou, a tosse, a febre, do nada, estava curado.
Minha mãe jura até hoje que eu tive sarampo, ou sopro no coração.
Depois disso, nunca mais tive qualquer doença...
Sei que não teria sobrevivido, se aquele choro não tivesse chegado aos meus ouvidos.
Sei que sem aquela vida que nascia, eu não viveria.
Ainda bem que vivi.
Ps.: Lembro do médico, ao preenchar a receita, perguntar ao residente:
_ Que dia é hoje?
_ Vinte e nove de maio, doutor.
Ps2.: Eu até poderia criar, mas já o fiz, então furto as seguintes palavras:
"Sabe, já faz tempo
Que eu queria te falar
Das coisas que trago no peito
Saudade, já não sei se é
A palavra certa para usar
Ainda lembro do seu jeito
Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo
Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão
Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração"
Era isso.
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