terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A lista

Oswaldo Montenegro


Faça uma lista de grandes amigos



Quem você mais via há dez anos atrás


Quantos você ainda vê todo dia


Quantos você já não encontra mais...


Faça uma lista dos sonhos que tinha


Quantos você desistiu de sonhar!


Quantos amores jurados pra sempre


Quantos você conseguiu preservar...


Onde você ainda se reconhece


Na foto passada ou no espelho de agora?


Hoje é do jeito que achou que seria


Quantos amigos você jogou fora?


Quantos mistérios que você sondava


Quantos você conseguiu entender?


Quantos segredos que você guardava


Hoje são bobos ninguém quer saber?


Quantas mentiras você condenava?


Quantas você teve que cometer?


Quantos defeitos sanados com o tempo


Eram o melhor que havia em você?


Quantas canções que você não cantava


Hoje assobia pra sobreviver?


Quantas pessoas que você amava


Hoje acredita que amam você?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dor de Cabeça e o Recado Maldito!

Lateja, lateja demais.
Quinze anos, meu Deus!
Quinze anos.

Solto e leve, correndo.
Crise de abstinência, Ah
Que pesadelo.

Justa, simples e triste.
Dono do seu próprio eu.
Seu, meu.

Sete, digno de fé.
Quente, sinais e dicas,
Bela mulher.

Finjo e peço ajuda.
Preciso e dispenso a mão.
Sorrio: não me dê atenção.

Dou, sem que nem porquê.
Pedaços, percalços, abraços.
Saltos, armadilhas de sapatos.

É tarde, a chuva teima em não cair,
e daí?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Dia Perfeito (?) Siim, Siim *-*.

Claustrofobico, corrimão de quarto escuro. Eu sorrio, penso que minha dor de cabeça era um sonho. Por esta razão, eu volto a dormir, caindo eu profundo (que inútil) abismo...
Nossa, eu penso, que tristeza. Saio correndo sem mais nem porquê. E percebo que deixei as chaves da moto encima da pia do banheiro das visitas. Volto, meio cabisbaixo e cansado (por causa da correria toda), pego as chaves, jogo-as no bolso e sento no sofa da sala. Permaneço ali por um bom tempo, tempo suficiente para ela chegar e perguntar o que estou fazendo ali. Respondo que estou sentado, ela fecha a cara. Por suas costas, eu sorrio vitorioso.
Aí, como é interessante esta minha vida, dia-a-dia esta rotina estafante. Corro pra lá e pra cá. Sendo que a pressa é a maior razão de eu perder tanto tempo na minha vida. Penso que devo ter calma, pensar mais, mas quanto mais eu penso no futuro, menos vivo o presente.
E frases clichês de livros de auto-ajuda e anedotas rídiculas viam a minha mente, eu sorria e conversava com a garota que escreve fics. O que são fics meu Deus?
Eu não enxergava as letras do meu teclado, mas podia sentir meu pé amortecendo e pensei: será que na morte sentimos a mesma coisa? Se for, é até legal...
Mas não, não estava com tanto interesse na morte, logo agora que estava fazendo uma impugnação às contestações tão empolgado. Sou um advogado pensei, ou pelo menos quase. Eu amo minha profissão, sabe, parece que me encontrei.
Sofro de crise de falsa idade. Eu até agora não consigo aceitar que eu tenho vinte anos. Penso ter dezenove ainda, mas como gostaria de voltar aos seis.
Ou, aos cinco, e dar o abraço no meu pai que eu deixei de dar. E apagar as mentiras que disse, por medo de dizer a verdade. Meu Deus, eu até digo, quanto tempo mais eu vou perder. Nessa minha vontade de querer ter tudo, o que eu vou ter que abrir mão para ter?
Eu estou extremamente cansado, mas feliz. É bom sentir-se assim, mas fico preocupado com o manhã. Como diz Renato, o que eu mais queria era provar pra todo mundo, que eu não precisava provar nada pra ninguém.
Mesmo assim, acho que deveria ter provado muito coisa. Faltei com um abraço, uma palavra, um sorriso, um beijo. Por isso, tudo parece estar tão longe, tão longe que eu já me acostumei e não faço nada pra ter perto novamente.
Nunca chorei, por estas coisas, e talvez este choro tenha faltado também.
É, o dia parece estar indo bem.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Janeiro

Caminho tal como um pé rapado.
Vazio, sujo e machucado.
Tenho medo, ah se tenho medo.
E o sossego? Esse é meu desejo.

Passo o dia todo e vejo ir embora.
Sorrio, como se fosse agora.
Creio, grito, sofro e esperneio.
Vejo, como água no meu devaneio.

Quem é que me faz cair?
Quem sabe se o meu desejo é rir?
E o sossego, desejar-me faz?
Por que isso, se eu nem corro atrás?

Simples, dirá qualquer:
É a sua virtude que o faz capaz.
E o seu medo que o faz querer,
Que sua coragem não o peça pra fazer.

Maestro Charles

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.


Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?" Chaplin